Outro dia estava pensando como gosto do meu cabelo. Depois de ler o livro da Elisa Lucinda e de participar de um Congresso de estudos de Gênero na Bahia, passei a valorizar o cabelo natural acima de tudo. A indústria gasta milhões de dinheiros em tecnologia capilar, para fazer com que as pessoas tenham o cabelo que sempre sonharam e não há nada de errado nisso. Mas depois de um tempo, eu percebi que aceitar seu cabelo como é, para mim, faz parte da aceitação pessoal como um todo. Basta conhecer a estrutura do seu cabelo, suas limitações, os cortes que valorizam e os que desvalorizam, onde começam as ondas, onde você tem rodamoinhos, seu movimento, peso, etc. Aprendi isso lendo sobre e convivendo com pessoas de cabelos crespos (em sua maioria, negras) que sofrem um preconceito que eu não consigo mensurar, o preconceito capilar. Como já foram pedidas para alisar seus cabelos para serem aceitas em entrevistas de emprego e como a sociedade considera seus cabelos ruins. Agora imagine uma criancinha de seus 3 ou 4 anos aprendendo que seu cabelo é ruim porque não é liso. Devia ser crime! Como diz Gaga, "God made you perfect, babe". Ir para a Europa foi bom porque ninguém se importa com a aparência do seu cabelo, parece uma sociedade ideal. Sei que pode soar hipócrita vindo da minha parte, que tenho cabelo liso e não sei o que é passar por isso. Mas a pressão é tão grande, que mesmo tendo um cabelo "aceito", ele aparentemente nunca foi aceito o suficiente, porque eu mesma tentei modificar a sua estrutura com produtos químicos para ele ficar bonito. Isso significa sair de casa sem prender e sem pensar "que bosta". Quer dizer, ele é bonito, todos são, não precisam disso, entende? O problema da corrida pelo corpo/cabelo ideal, é que ela não tem fim. Ninguém nunca está satisfeito. Sempre tem algo "a melhorar". E eu me cansei disso há algum tempo. Aprendi a gostar do meu cabelo do jeito que ele é e hoje, não mudaria absolutamente nada. :)