terça-feira, 8 de setembro de 2015

Murderer: Sobre meu não-dedo-verde e frustrações

Você sabe o que é um dedo verde? É quando aquela pessoa, mortal e miserável como você, inventa de cultivar uma plantinha. Ela vira pra você e diz "É tão bom ter plantinha, vou ter uma plantinha". E aí ela toca na plantinha e a bendita cresce reluzente, cabeluda, brotam flores coloridas, perfumadas e transformam a casa da pessoa em um jardim secreto das fadas. Isso nunca aconteceu comigo. Comecei a ter experiência com plantas na segunda série, época de plantar feijão no algodãozinho. Eu morava em apartamento e esperava ansiosamente que o grãozinho se rompesse. Quando isso acontecia, eram pulos de alegria. E o miserável danava a crescer, até tombar e aparentemente perder a graça. Renegada, a natureza se voltou contra mim. E como a inocência da infância, meu dedo verde foi apodrecendo até cair.

Já na adolescência de época bruxesca, tentei retomar o cultivo das plantas. Meu alvo sempre foram os temperos/ ervas medicinais. Eu não cozinhava nessa época, mas queria tê-las just because. Conforme fui crescendo e adquirindo gosto pela culinária, tentei cultivá-las várias vezes. Foram inúmeras tentativas e todas culminaram para um só destino: a morte. Vira e mexe vejo tutoriais de como ter pequenas e lindas hortinhas em apartamentos. A maioria deles, inúteis. Eles dizem o óbvio que todo mundo já sabe, tipo "Alô, você precisa de planta, terra, vaso e água" e boa parte da matéria se volta para a profundidade do vaso que se deve usar e como integrá-lo à decoração da sua casa (não que seja irrelevante). Vide este, este, este e este. Ou ainda esta incrível promessa de nunca mais precisar ir ao supermercado para comprar hortaliças. Eu vou dizer uma coisa pra vocês, salafrários. A vida não é cor de rosa.



Vou lhe dizer que as plantas são complicadas. Você acha que é só dar uma molhadinha aqui, outra acolá e vai ser tudo lindo, mas não é. Cada planta prefere uma incidência de sol diferente, em diferentes momentos do dia. Umas, gostam de sol pra caramba, outras preferem iluminação indireta. Algumas precisam de água para todo o sempre, outras são mais equilibradas e outras ainda, necessitam muito pouco (disse a pessoa que mata cactus). Algumas precisam ser adubadas com mais frequência, outras preferem solo mais arenoso. Algumas podem ser cortadas para uso em qualquer parte de seu comprimento, outras precisam ser cortadas na raiz e outras, no topo. E ainda há o agravante de morar em Brasília (seca= umidade 14% = deserto do Saara). Dá vontade de sentar com todas as minhas mudas e fazer uma sessão terapêutica: "Estamos aqui reunidas porque percebo que vocês têm necessidades distintas e que não estão conseguindo comunicá-las. A comunicação é uma parte muito importante de um relacionamento. Permite que questões sejam esclarecidas e acordos combinados para o bom desenvolvimento da relação. Por exemplo, quem aqui gosta de sol, por favor levante a mão?". E nada acontece. A última vez que comprei e plantei mudas (caras), estava tudo dando mais ou menos certo até eu viajar pro Peru e meu irmão se esquecer de regá-las. Quando voltei, estavam... snif... mortas.

Tudo isso porque ainda não desisti, mas primeiro preciso fazer meu próprio dedo verde rebrotar. Estou bem ausente no blog porque é um momento bem complicado da minha vida (não pelas plantas). Estão acontecendo muitas mudanças e estou cheia de compromissos acadêmicos. Preciso encontrar um apartamento e ver se conseguirei retomar a idéia de mini horta porque dependendo do lugar, os sonhos serão frustrados. Até então, para não dizer que desisti totalmente, envasei essas mini suculentas que sobraram de lembrança do casamento da minha mãe (vide post anterior). Depois de ver este vídeo do Dulce Delight, vou tentar a técnica do dedômetro e conto o resultado depois. Veja que o vídeo é intitulado "Assassinos de manjericão".