O Gabriel deixou imitar, então aí vou eu. Já tentei fazer o desafio fotográfico 52 on 52 e não deu certo. Fotografar não é tão prático quanto pegar um sketch e rabiscar. Esse não vai ser um ano tão artístico quanto foi 2014 (aka falta de tempo), então pode ser uma boa oportunidade pra não deixar a arte morrer. Tenho mais manias que gente velha. Selecionar 5 é molezinha, hehe. Vou fazer os desenhos atrasados enquanto há tempo! ;)
domingo, 22 de fevereiro de 2015
quarta-feira, 18 de fevereiro de 2015
Sobre buldogues e tias
Tias: aquela categoria social engraçada que não necessitam ter vínculo sanguíneo, apenas um comportamento avaliador maternal, mas sem a moral e a intimidade de uma mãe. Estava eu em uma festa quando ela perguntou, os olhos fitos no alvo "e essa bunda? De onde surgiu?". Me afastei com um riso sem graça e ela me deu uma apalpada do tipo fom fom. "Que durinha", disse. E repetiu, fazendo uma expressão de é isso aí, fuck yeah ou ainda that's right bitch, como minha mãe faz às vezes quando estou lavando a louça, vulnerável como uma gazela. Uma mão na banda dela, uma na minha. Fom fom. "Tá linda, não engorde", completou. Depois perguntou se eu estava namorando ou saindo com alguém. Pensei em dizer a verdade, mas preferi mentir. "Ah, mas você devia ficar com um cara de 28 anos, é uma idade boa (29, completei mentalmente), porque homem né?". E as três amigas ficaram discutindo a idade do homem ideal para mim, sem que eu dissesse uma só palavra. "Porque assim, com 28 não é que nem um moleque de 25... ele já pensa em uma coisa mais séria, trabalha...", a outra completa "Bom é 30, que já quer casar e já que você busca uma coisa mais séria..."
- Mas eu não quero nada s...
"AAAAAAAAAAAAAAAHHHHHHHHH TÁÁÁÁÁ!!!" exclamaram as três, sacudindo as mãos para o alto, explodindo em catarse coletiva. "Ah então tá bom, tem é que se divertir mesmo. Porque EU na sua idade... era muito namoradeira!!".
Fico me perguntando se os tios machos têm esse tipo de ritual. Quando vêem um de geração menor, dão uma bela apalpada no pacote do rapaz para conferir e dizer "É mesmo, desde bebê eu já dizia. Puxou o meu lado da família HOHOHOHO"- diriam com as mãos apoiadas em um barrigão e as bochechas tremendo em ondulações. "Precisamos arrumar uma novinha pra você." Ou alguma coisa assim.
D. S.
- Mas eu não quero nada s...
"AAAAAAAAAAAAAAAHHHHHHHHH TÁÁÁÁÁ!!!" exclamaram as três, sacudindo as mãos para o alto, explodindo em catarse coletiva. "Ah então tá bom, tem é que se divertir mesmo. Porque EU na sua idade... era muito namoradeira!!".
Fico me perguntando se os tios machos têm esse tipo de ritual. Quando vêem um de geração menor, dão uma bela apalpada no pacote do rapaz para conferir e dizer "É mesmo, desde bebê eu já dizia. Puxou o meu lado da família HOHOHOHO"- diriam com as mãos apoiadas em um barrigão e as bochechas tremendo em ondulações. "Precisamos arrumar uma novinha pra você." Ou alguma coisa assim.
D. S.
terça-feira, 10 de fevereiro de 2015
Grandes Olhos
Ontem assisti ao mais recente filme de Tim
Burton, que não conta nem com a presença de sua ex-mulher Helena Carter, nem de
seu filho adotivo ainda em julgamento de guarda Johnny Depp. A sinopse
refere-se a uma artista chamada Margaret Ulbrich, que tem o trabalho de sua
vida roubado pelo então marido Walter Keane. Eles se envolvem em um momento de
vulnerabilidade, em que Margaret encontra-se divorciada (problema 1) e com a
guarda da filha (problema 2) sendo requisitada pelo ex-marido (problema 3), nos
anos 50 (problema 4). Um jeito fácil de resolver o problema é casando-se
novamente, o que ela faz sob promessas de amor de Walter Keane (problema 5). Ele
começa a alegar publicamente que foi ele quem pintou os quadros e dotado de uma
lábia extraordinária, convence Margaret de que ela, como mulher, não chamaria
atenção, não venderia quadros nem faria sucesso. Quando o trabalho da esposa
desponta e passa a gerar grande dinheiro, Margaret está presa em uma teia muito
densa de violência psicológica. Ela passa vários anos vendo o marido levar nome
pelo seu trabalho sem conseguir fazer qualquer movimento, mas sofrendo as
consequências emocionais. Isola-se dos amigos, tem uma vida carcerária e
compromete seu relacionamento com a filha para encobrir as mentiras do marido
que a faz descaracterizar-se como pessoa. Na história da arte há inúmeros
exemplos como esse. O mais famoso talvez seja o de Camille Claudel e Rodin,
para citar um (não sou especialista no assunto). Na ciência, várias mulheres
tiveram suas obras plagiadas por professores, orientadores, maridos. Mas por
que uma pessoa se submeteria a isso? Ela é burra? Essas perguntas eu me fiz ao
longo do filme e depois me senti burra por fazê-las. É muito comum o discurso
de que as vítimas sejam culpabilizadas pela própria violência que recebem, vide
Marcha das Vadias (usar determinada roupa, estar sozinha, ou frequentar
determinado lugar, a determinada hora não deve ser justificativa de estupro).
Mas na verdade elas são vítimas e o foco deve ser na culpabilização do agressor
e não da vítima (no caso do filme, Walter Keane, que criou e alimenta o ciclo
de violência psicológica). Analisando os “problemas” que enquadrei acima, temos
uma mulher divorciada, o que talvez possa ser visto como o primeiro grande
fracasso social (tanto em termos de status como financeiros), em uma época que
divórcio era novidade (talvez ainda hoje? Quais estereótipos de mulher
divorciada você consegue pensar?). O segundo problema foi ter uma filha, que
representa uma barreira econômica (mais uma boca para alimentar) e talvez com o
perdão do termo, laboral, posto que ela teria que encontrar alguém para tomar
conta da menina enquanto trabalhasse. O terceiro problema é a disputa pela
guarda, principalmente em um momento (questiono o fim desse momento) em que o
homem tem esmagador poder social para consegui-la, principalmente sob a
alegação de que a ex-esposa não tem condiçõe$ para criar a filha. O quarto
problema é o contexto sócio-cultural dos anos 50 e quais suas implicações sobre
ética e direito, sem falar nas retaliações sociais. Lembrando que anos 50 é
ontem, vovó já era nascida. O quinto problema é o contrato social que ela faz
com um homem que jura amor (ela tinha acabado de se separar) e apresenta-se
como um meio de resolver todos os problemas anteriores. O nome disso é
vulnerabilidadeS (tenho que usar o plural). Pelo menos ela deu a sorte de ser
branca e pertencente a uma classe social privilegiada que a deu oportunidade de
desenvolver um ofício. Estabelece-se aí um contrato social de dívida, que mais
tarde pode ser relacionado com a aceitação dos termos e condições que dizem
respeito à falsa autoria das obras. Talvez fosse mais fácil se 1-Ela não fosse
divorciada; 2- Ela não tivesse filhos; 3- Ela não teria nenhuma guarda a
solicitar; 4- Não vivesse nos anos 50; 5- Não dependesse de um terceiro para
resolver seus problemas; e, claro, devo acrescentar 6: fosse homem. Problemas
acabados.
É, realmente. Isso é muito distante da nossa
realidade, aconteceu há muito tempo, nos anos 50, época em que as mulheres não
tinham direitos. Afinal, hoje o trabalho doméstico é igualmente dividido,
divórcio e solteirisse são amplamente aceitos e tidos como iguais para homens e
mulheres. A criação dos filhos é igualmente dividida sem que nenhum dos
conjugues seja menosprezado por qualquer razão que seja e ainda, ter filhos tem
a mesma carga social e implicações laborais para homens e mulheres (como
contratações e... esqueci que homens e mulheres recebem o mesmo salário pelo
mesmo serviço). Só que não. Ou eu vivo mesmo em marte?
quarta-feira, 4 de fevereiro de 2015
Brinquedinho de gato
Depois de ver esse post do blog Morando Sozinha, minha cabeça teve um estalo. Olhei bem pra um dos brinquedos e percebi que tinha como fazer em casa só com os materiais que tinha, sem precisar comprar nada. A verdade é que muitos brinquedos de gato são extremamente superfaturados, em especial os importados. Nos EUA, por exemplo, são muito mais baratos. Melhor do que economizar, é fazer um rolinho que iria pro lixo virar um brinquedo bem legal. Eu frequentemente faço brinquedos pro meu gato, que ele enjoa super rápido. Diz minha amiga gateira que é porque ele já é um senhor. Mesmo assim não desisto! Precisei apenas de um rolo em que veio um banner dentro (você pode substituir por rolo de papel toalha, papel alumínio ou filme), cola, pincel, barbante, estilete e bolinha de ping pong (usei só uma mas fica mais legal usar mais).
Risquei uma marca com lápis, que será o buraco por onde a bolinha ficará à mostra para ele poder dar seus tapinhas.
Cortei com um estilete bem afiado.
Passei cola e comecei a enrolar o tubo com barbante colorido, e usei duas cores. É totalmente opcional, qualquer fio mais grosso serve.
Fica assim.
Depois é só cortar o excesso de franjinhas e passar cola para dar uma firmada. Como meu tubo era fechado, não precisei fazer tampa. Se você usar um rolo, faça um círculo de papel para tampar e antes disso, coloque as bolinhas de ping pong dentro. E aí está o resultado:
Esse tipo de brinquedo não é só um passa tempo. Também pode ser usado como enriquecimento ambiental, principalmente para bichinhos de apartamento que não têm muito contato com estímulos naturais como animais e plantas diversos. Você pode colocar algumas bolinhas de ração para ele rolar o tubinho e tentar comer, ou ainda um pouquinho de catnip (erva de gato) para despertar o interesse do bichinho. Existe um livro bem legal que eu quase comprei várias vezes (mesmo quando não tinha gato) chamado "50 jogos e brincadeiras para o seu gato", que é repleto de idéias interessantes para fazer com material reciclável. Eu particularmente só vejo vantagens nisso: economizar dinheiro e recursos, e ainda se divertir no processo.
Se você quiser aprender a fazer outro brinquedinho para o seu gato, clique aqui.
Minha amiga Luísa ensina a fazer uma fonte para gatos no blog dela aqui.
domingo, 1 de fevereiro de 2015
Um mês pra sair da rotina
Esse mês foi o mais estressante e atípico da minha vida. Assim que me formei, engatei em uma rotina de estudos que começou no Natal e talvez tenha acabado de acabar. Nunca estudei e me estressei tanto. Ao longo de janeiro, participei de 3 processos seletivos que envolviam provas (alguma coisa como concurso), que tinha muitos inscritos e poucas vagas. No primeiro, de cara não passei. Aguardo o resultado do segundo e terceiro, em que passei na primeira etapa, em ambas as provas, e estou competindo com 22 pessoas por duas vagas. É bem difícil. Tenho certeza da escolha profissional que fiz e também de que o caminho não vai ser nada fácil. Me entreguei de corpo e alma nesse processo e estou extremamente desgastada emocionalmente. Saí pra fazer uma das provas na segunda feira, em outra cidade, com apenas uma muda de roupa porque achava que estaria em casa no outro dia. Porém, o resultado da prova saiu bem rápido anunciando minha aprovação e tive que ficar uma semana com aquela muda de roupa. Precisei lavar a roupa nos hotéis em que fiquei, pendurando calcinhas no banheiro e me virando com o que tinha. Nessa semana, viajei para outra cidade para fazer outra prova. Voltei para a primeira cidade para fazer uma entrevista (precisei comprar roupa para entrevista no shopping), segui para a outra cidade para fazer outra entrevista. No meio tempo, tive que reunir às pressas cópias de certificados, currículos, etc. Comi comida de hotel, comi muito sanduíche, tive insônia o mês inteiro e posso dizer que meu rosto poderia sair no cartaz de um próximo longa intitulado "50 tons de olheiras". Tudo isso por 2 vagas que nem sei se vou conseguir. Pode ser que todo o meu esforço tenha sido em vão. Aprendi a me virar, encontrei uma coragem que achei que tivesse perdido (ou talvez nunca tenha tido) e percebi que tenho determinação e capacidade. Mesmo que nada dê certo (esse é só um modo de ver) e eu não consiga nenhuma das vagas, vai ser um ano bem exaustivo. Só preciso do próximo sinal verde para planejar meu ano e entrar de cabeça. Vou dizer também que foi um mês (quase) nada artístico e que isso ajudou muito no estresse. Quando acontecer de novo, vou me planejar melhor para usar a arte como um mecanismo de escape mais eficaz, que eu sei que é. Já dormi o que precisava e chorei um bocado pra aliviar a tensão também. Estou com a consciência tranquila de que fiz o meu melhor e que vou saber tirar proveito do que o destino reservar pra mim. Quanto a isso, só posso ser grata.